Há por aqui um vasto silêncio que se estende indefinidamente, cortado de quando em vez por gaivotas que grasnam saudades da maresia. Na praça, indiferente, um semáforo eterniza a sequência das suas luzes.
Associo então, imagens e situações. Imagino-me no espaço. Aí também há um enorme silêncio povoado de inaudíveis ruídos. O universo pulsa enquanto a energia circula, positiva e negativa, sem expressão na ausência de emoções, sentimentos e agendas.
É nas agendas que encontramos a conotação de mal ao negativo e de bem ao positivo, quando são apenas opostos que, juntos, formam o magnetismo e a electricidade.
Vem-me à memória o Tao teQing:
"Havia algo de indeterminado antes no nascimento do Universo.
Essa qualquer coisa, voga sem cessar.
Como não lhe conheço o nome, chamo-lhe Tao
Sem nome deve ser a Mãe do Universo.
Com um nome é o Antepassado dos deuses."
e nesse vaguear vejo que, por ser Vazio, tudo contém.
E depois Buda disse que o
O mundo é impermanência e ilusão.
É sofrimento.
Liberta-te do sofrimento.
Para te libertares desapega-te.
Olho em volta e vejo galáxias, e a nossa também. E nesse silêncio da nossa galáxia, a Via Láctea, aprendo que astrónomos identificam setenta planetas para depois acrescentar que "poderão existir milhares de milhões destes planetas gigantes a "vaguearem" pela Via Láctea sem estrela hospedeira."
O Universo transcende a nossa percepção de dimensão. Estamos acorrentados a crenças já subliminares, herdadas, na qual o geocentrismo de Ptolomeu e depois o heliocentrismo de Copérnico, até ao julgamento de Galileu. Quando digo crenças incluo nelas a desnecessidade de pensar ou questionar sobre o assunto. Aceita-se porque é mais cómodo.
A mente é um novelo onde tudo cabe, se mistura e confunde. Culpa, preconceito, paixão, desejo, ódio, ganância.
Esvaziá-la é limpá-la. Parece fácil mas não é.
Alguém disse que todos os caminhos que conduzem à perdição são largos e em declive, por onde se escorrega alegremente para baixo.
Um caminho só, ascendente, leva a que tomemos o alpinismo como exemplo, exigindo coragem inconformismo e determinação.
Somos o que fizeram de nós. Na infância inculcaram-nos o mesmo que os nossos antecessores "sofreram". Contudo o importante é sacudir o jugo das crenças inculcadas, porque, quando olhamos o Universo, quando cientistas aludem a milhares de milhões de planetas na Via Láctea, então é forçoso admitir não apenas que Ptolomeu e Copérnico estavam errados, como é absurdo pensar que somos os únicos seres no Universo.
Nos Vedas, sânscrito para Conhecimento, vêm referidos várias vezes os Vimana, naves espaciais como a que aparece aqui, sob o nome de carruagem celestial:
O objectivo desta reflexão não é fazer o elogio de coisa alguma, mas antes propôr o descentrar, a retirada da terra do centro do Universo e, assim, a objectividade da sua subjectividade.
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