Thursday, October 25, 2018

AS QUATRO NOBRES VERDADES

TUDO O QUE SOMOS RESULTA DE TUDO O QUE PENSAMOS


"Eu ensino o sofrimento, a sua origem, a sua cessação e o caminho. Isto é tudo o que ensino", declarou Buda (o que atingiu a Iluminação) há 2.500 anos.
As Quatro Nobres Verdades contêm a essência dos ensinamentos de Buda. Foram esses quatro princípios que o Buda veio a entender durante sua meditação sob a figueira onde atingiu a iluminação.
A verdade do sofrimento (Dukkha)
A verdade da origem do sofrimento (Samudaya)
A verdade da cessação do sofrimento (Nirodha)
A verdade do caminho para a cessação do sofrimento (Magga)
O Buda é frequentemente comparado a um médico. Nas duas primeiras Nobres Verdades ele diagnosticou o problema (sofrimento) e identificou sua causa. A terceira nobre verdade é a percepção de que existe uma cura.
A quarta Nobre Verdade, na qual o Buda estabeleceu o Caminho Óctuplo, é a prescrição, o caminho para se libertar do sofrimento.
A primeira nobre verdade 
Sofrimento (Dukkha)
O sofrimento vem em muitas formas. Três tipos óbvios de sofrimento correspondem às três primeiras visões que Buda viu em sua primeira viagem fora de seu palácio: velhice, doença e morte.
Mas, de acordo com o Buda, o problema do sofrimento é muito mais profundo. A vida não é ideal: ela frequentemente falha em corresponder às nossas expectativas.
Os seres humanos estão sujeitos a desejos e desejos, mas mesmo quando somos capazes de satisfazê-los, a satisfação é apenas temporária. O prazer não dura; ou se isso acontecer, torna-se monótono.
Mesmo quando não sofremos de causas externas como doença ou luto, estamos insatisfeitos. Essa é a verdade do sofrimento.
Algumas pessoas que se defrontam com este ensinamento acharão porventura isto uma visão pessimista. Os budistas não acham nem optimista nem pessimista, mas realista. Felizmente, os ensinamentos do Buda não terminam com o sofrimento; em vez disso, Buda diz-nos o que podemos fazer e como terminar com o sofrimento.

A segunda nobre verdade
A origem do sofrimento (Samudaya)
Os nossos problemas do quotidiano podem parecer ter causas facilmente identificáveis: sede, dor por uma lesão, tristeza pela perda de um ente querido. Na segunda das suas Nobres Verdades, porém, o Buda afirmou ter encontrado a causa de todo sofrimento - e está muito mais profundamente enraizado do que as nossas preocupações imediatas.
Buda ensinou que a raiz de todo sofrimento é o desejo, tanhā. Isto vem em três formas, que ele descreveu como as Três Raízes do Mal, os Três Fogos, ou os Três Venenos.
Um pássaro, uma cobra e um porco mostrado correndo num círculo, cada um segurando a cauda do próximo na sua boca. Os Três Fogos do ódio, da ganância e da ignorância, mostrados num círculo, cada um reforçando os outros. As três raízes do mal.
Estas são as três causas finais do sofrimento:
Ganância e desejo, representados na arte por um galo
Ignorância ou ilusão, representada por um porco
Ódio e impulsos destrutivos, representados por uma cobra

Nota de linguagem: Tanhā é um termo em pali, a linguagem das escrituras budistas, que significa especificamente desejo ou desejo deslocado. Os budistas reconhecem que pode haver desejos positivos, como desejo de iluminação e bons desejos para os outros. Um termo neutro para tais desejos é chanda.

O Buda passou a dizer o mesmo dos outros quatro sentidos, e a mente, mostrando que o apego às sensações e pensamentos positivos, negativos e neutros é a causa do sofrimento. No budismo Zen  temos o mushin, a não-mente, um estado de consciência onde as emoções e pensamentos deixam de caber.

A terceira nobre verdade
Cessação do sofrimento (Nirodha)
Buda ensinou que o modo de extinguir o desejo, a causa do sofrimento, é libertarmo-nos do apego que temos às coisas materiais.
Esta é a terceira nobre verdade - a possibilidade de libertação.
Buda foi um exemplo vivo de que isso é possível no decurso de uma vida.

Quando um nobre seguidor que ouviu (a verdade) vê assim, ele encontra estranheza nos olhos, nas formas, encontra estranheza na consciência do olho, encontra estranheza no contacto visual, e tudo o que é sentido como agradável ou doloroso ou nem doloroso nem agradável que surja com o contacto visual, também nisso ele encontra alienação.

O Sermão do Fogo 
"Estranheza" aqui significa desencanto: um budista pretende conhecer as condições dos sentidos claramente como estão, sem ficar encantado ou iludido por elas.
Nirvana
Nirvana significa extinção. Alcançar o nirvana - alcançar a iluminação - significa extinguir os três fogos da ganância, da ilusão e do ódio.
Alguém que atinge o nirvana não desaparece imediatamente para um reino celestial. O nirvana é melhor entendido como um estado mental que os humanos podem alcançar. É um estado de profunda alegria espiritual, sem emoções negativas e medos.
Alguém que alcançou a iluminação está cheio de compaixão por todas as coisas vivas.
Quando alguém encontra o estranhamento, a paixão desaparece. Com o desvanecimento da paixão, ele é libertado. Quando libertado, há a consciência disso. Ele entende: "O nascimento está exausto, a vida santa foi vivida, o que pode ser feito é feito, nada mais há a fazer".

Depois da morte, uma pessoa iluminada é libertada do ciclo de renascimento, mas o budismo não dá respostas definitivas sobre o que acontece a seguir.
Buda desencorajou os seus seguidores de fazerem muitas perguntas sobre o nirvana. Ele queria que eles se concentrassem na tarefa em mãos, que era o de se libertarem do ciclo de sofrimento. Fazer perguntas é como discutir com o médico que está tentando salvar a nossa vida.

A quarta nobre verdade
Caminho para a cessação do sofrimento (Magga)
A Verdade Nobre final é a prescrição do Buda para o fim do sofrimento. Este é um conjunto de princípios chamado Caminho Óctuplo.
O Caminho Óctuplo também é chamado de Caminho do Meio: evita tanto a indulgência quanto o ascetismo severo, nenhum dos quais o Buda achou útil na sua busca pela iluminação.
Símbolo de roda dourada de oito raios A roda do Dharma, o símbolo do caminho de oito pontos.



As oito divisões
Os oito estágios não devem ser seguidos por ordem, antes devem apoiar-se uns nos outros:
Entendimento Correto - Sammā ditthi
Aceitando os ensinamentos budistas. (Buda nunca pretendeu que os seus seguidores acreditassem nos seus ensinamentos cegamente, antes encorajou-os a praticá-los e julgarem por si mesmos se eram verdadeiros.)
Intenção Certa - Sammā san̄kappa
Um compromisso de cultivar as atitudes correctas.
Discurso Sincero - Sammā vācā
Falando com sinceridade, evitando calúnias e discursos abusivos.
Acção Correcta - Sammā kammanta
Comportar-se pacifica e harmoniosamente; abstendo-se de roubar, matar e abuso do prazer sensual.
Modo de vida correcto - Sammā ājīva
Evitar ganhar a vida de maneiras que causem danos, como explorar pessoas ou matar animais, ou negociar intoxicantes ou armas.
Esforço Correcto - Sammā vāyāma
Cultivando estados mentais positivos; libertando-se do mal e estados prejudiciais e impedindo-os de surgirem no futuro.
Atenção correcta - Sammā sati
Desenvolver a consciência do corpo, das sensações, dos sentimentos e dos nossos estados mentais.
Concentração Correcta - Sammā samādhi
Desenvolver o foco mental necessário para essa consciência.

Os oito estágios podem ser agrupados em Sabedoria (compreensão e intenção corretas), Conduta Ética (discurso correcto, acção e subsistência) e Meditação (esforço correcto, atenção plena e concentração).
Buda descreveu o Caminho Óctuplo como um meio para a iluminação, como uma balsa para atravessar um rio, sendo a travessia o caminho. 

Sermão do Fogo
Há na vida do príncipe Gauthama, o Buda, um pronunciamento notável: o Sermão do Fogo.
Referindo-se aos sentidos, ele diz que tudo está em fogo. O fogo necessita de matéria combustível de onde suga o necessário para a sua combustão. Quando não existe o que alimentar o fogo, este apaga-se. É desta sucção do sermão do Fogo de Buda, que deriva o termo Nirvana que tanta gente usa sem saber o que realmente significa.
Nirvana é uma palavra composta por Nir = isenção ou remoção de, e Vana= puxar, sorver. Sendo assim, desde o momento em que nos sentidos não houver mais o que sorver, emergirá o Nirvana. E Buda continua o seu sermão enfatizando insistentemente outro termo: equanimidade, ou seja, isenção de emoções. Para ele, emoção é a manifestação dos sentidos.
Nota: No Budismo Zen, por meio da meditação orientada, atinge-se o mu-shin, isto é, a não-mente, aquela que está despida de emoções e de pensamentos, elevando-se a mente a um outro grau de consciência.

Prosseguindo neste encadeamento, Buda discorre indicando que existem no nosso corpo, as sedes dos sentidos, que ele chama “Nidanas”, e estas devem ao longo da vida ser acalmadas inteiramente.

Qual o sentimento que mais sorve? Ora, como você já deve ter intuído, é aquele chamado de “preservação da espécie”, ou seja, o desejo sexual. É um desejo bom, sublime até, desde que não conspurcado pelo simples desejo de “prazer”.
Buda prossegue ensinando no mais simples e claro sentido da realidade humana, que o corpo é templo do Espírito, entendido como centelha divina, por si só perfeito porque é parte de Deus, manchado apenas pela ganga (mistura) dos sentidos mal dirigidos, tão comumente submetidos às nossas contingências humanas, às vezes em grau tão rudimentar.

Equanimidade, diz Buda. Equanimidade, ou seja, serenidade, imparcialidade, ponderação, prudência, equidade no julgar e no agir.
Cada um tem que trilhar o seu próprio caminho, e cada caminho leva a um estado de crescimento espiritual, próprio de cada um, de acordo com o plano de Deus para cada um. Buda vai usar os termos “Karma” e “Missão”, dois expoentes da vida de cada ser humano, sendo por isso que não há dois karmas ou duas missões iguais, e também porque o fiel da balança se chama “livre arbítrio”. Cada um é cada um, no entanto, em última análise, todos caminham pelo seu próprio caminho ao encontro do mesmo “Alvo”, que a todos aguarda, não olhando o caminho mas prestando atenção ao caminhante!
Este “Alvo” para o qual caminhamos já está em nós e vive em nós. Um dia, perseverando, acontecerá aquela fusão maravilhosa quando O alcançarmos... A fusão da gota d´água que mergulha e é absorvida pelo Oceano.
Para o alcançarmos é necessário a nossa remoção do mundo e o encontro connosco, através do qual poderemos ir encarando o nosso mundo ilusório. 

Nota
Dharma, ou darma, é uma palavra em sânscrito que significa aquilo que mantém elevado. Também é entendido como a missão de vida, o que a pessoa veio ao mundo fazer.
A raiz dhr na língua antiga do sânscrito significa suporte. Mas a palavra encontra significados mais complexos e profundos quando aplicada à filosofia budista e à prática do Yoga. 
Não existe correspondência ou tradução exacta de dharma para as línguas ocidentais.
O Dharma budista diz respeito aos ensinamentos do Buda Gautama, e é uma espécie de guia para a pessoa alcançar a verdade e a compreensão da vida. Pode ser chamado também de "lei natural" ou "lei cósmica".

Os sábios orientais pregam que a forma mais fácil de alguém se conectar com o universo e a energia cósmica é seguir as leis da própria natureza, e não ir contra elas. Respeitar os seus movimentos e fluir conforme a lei natural indica. Isto faz parte da vivência do dharma.
Perceber e viver de acordo com o seu próprio dharma é a chave para a iluminação, para uma vida plena. É também associado à capacidade de um ser prestar um serviço aos outros. Então aceitar e trabalhar o seu dharma é uma forma de servir os outros, conduzindo também à conexão com o universo.
Uma das formas de desenvolver o dharma é com a prática da meditação, para que o indivíduo se coloque em contacto com os sentidos. Outra forma é com a prática do antiquíssimo Yoga.

No Yoga, o dharma é a essência da existência baseada na verdade. E o dharma pode ser transmitido do mestre para o discípulo de for o caso de haver uma passagem de compreensão entre um e outro/s.

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